Se você convive com pessoas que foram parcial ou totalmente atingidas pelas águas e quer ajudar, considere algumas dicas sobre o que não dizer ou fazer:

Evite começar uma frase com “mas” ou “calma”. Pergunte em que poderia ajudar agora… Além disso, não impeça a pessoa de chorar. Não se apresse em aliviar a dor ou o medo, não se fixe a consolar, ou empurrar a pessoa para seguir em frente. Também não subestime o poder da sua escuta, da empatia e de um olhar que reconhece as dificuldades. Isso por si só ajuda muito, porque restabelece um mínimo senso de segurança psicológica.

Não invada. Escute sem pressionar. Não mobilize a pessoa emocionalmente se ela não quiser compartilhar emoções, ajude-a a manter-se funcional. Da mesma forma, não demostre se ela está se repetindo: recordar e recontar ajuda na organização mental, assimilação e elaboração.

Não dê informações se não sabe ou não tem certeza. Não prometa o que não poderá cumprir. Seja sempre honesto e não fale apenas para aliviar a sua própria angústia ou ansiedade, valorize o silêncio quando pode ser mais acolhedor.

Não inferiorize o outro com sua forma de cuidar ou escutar. Não use expressões catastróficas, não aumente o cenário para que a pessoa se sinta escutada, não funciona. Evite incrementar cenários futuros pesados.

Também não minimize o sofrimento, ao contrário: mantenha atenção básica, identifique claramente as necessidades requeridas e busque as soluções em conjunto, mostrando todas as possíveis.

Confira abaixo alguns exemplos de como agir que consideram uma escuta mais acolhedora:

• Forneça informações reais para diminuir a insegurança, diga que vai buscá-las se preciso ou vá junto encontrar;
• Escute com respeito e tempo. Oxigene a dor;
• Preste atenção no contato, valide o que é dito, ventile, faça boas perguntas (conecte-se sem invadir);
• Quando (e se necessário) ajude a falar sobre o que é difícil, não mude o assunto e não brinque com o tema;
• Ajude a confirmar o que precisa ser enfrentado;
• Facilite a aproximação com tudo que pode ajudar (acessando redes de apoio);
• Restabeleça alguma previsibilidade ou rotina.